Carlos Brandão, governador do Maranhão | Foto: Divulgação.
DE OLHO NAS ELEIÇÕES DE 2026, o governador Carlos Brandão (PSB) começa a se movimentar com acentuada atenção para o sul do Maranhão. Brandão pensa na possibilidade de uma candidatura ao Senado Federal, mas se movimenta dando sinais de preocupação com o nome que ele deve apresentar para disputar a corrida para o Palácio dos Leões. Por isso, cada gesto político deve ser muito bem pensado diante de novos significados na configuração dos cenários que vêm se formando a cada dia.
Brandão acaba de concentrar as estruturas do governo do estado em Imperatriz, maior cidade do interior do Maranhão, entre os dias 13 e 15 de maio, e essa decisão se insere num contexto de articulação política que possa traçar arranjos estratégicos para que em 2026 as coisas corram menos riscos de derrota nas urnas. Não será fácil.
Embora oficialmente tratada como mais uma etapa do programa de interiorização da gestão, a iniciativa de Carlos Brandão tem sido interpretada como uma forma de “colocar água na fervura” do debate sobre a sucessão no Palácio dos Leões, que tem esquentado mesmo sem a anuência pública do chefe do Executivo.
Brandão, como parte da expertise, evita anunciar nome e apoio político a quem quer que seja. Repete sempre o discurso de que este não é o momento de discutir partidos ou candidaturas. “Este ano a gente não vai falar de nomes, nós não vamos falar de partidos, só em 2026”, afirma ele. Mas a movimentação convergente nos arraiais é bastante perceptível.
A presença do governador na região sudoeste não é apenas simbólica. É estratégica. O jornal O Imparcial disse, em matéria publicada nesta segunda-feira (12), que se trata de uma das áreas mais populosas e politicamente relevantes do estado, com peso expressivo nas urnas e uma multiplicidade de lideranças locais. “Ao instalar temporariamente o governo em Imperatriz, o governador reforça sua imagem de gestor atento às bases e abre canais diretos com os prefeitos e vereadores da região, pilares fundamentais de sustentação política em uma eventual corrida ao Senado”, diz o jornal.
O diário mostra, ainda, que durante os três dias de agenda, Brandão irá despachar da sede da Agência Executiva Metropolitana do Sudoeste Maranhense (AGEMSUL), ao lado de secretários de pastas estratégicas como Infraestrutura (SINFRA), Planejamento (SEPLAN), Saúde (SES), Governo (SEGOV), Meio Ambiente (SEAM), Casa Civil e a própria AGEMSUL. Isso tem um peso político relevante.
O modelo segue o protocolo de atendimentos adotado no Palácio dos Leões, com reuniões individuais entre o governador e prefeitos — onze deles já confirmaram presença para levar suas demandas, buscar investimentos e discutir soluções com o próprio chefe do Executivo.
O municipalismo em questão
Na prática, a ação representa mais do que um gesto administrativo. É um movimento de afirmação política, que fortalece o municipalismo como marca da atual gestão estadual. A aposta na articulação direta com os municípios tem sido uma das estratégias mais visíveis de Brandão, que busca se diferenciar pela descentralização das decisões e pela escuta ativa aos gestores locais. Essa postura o coloca como um governador presente, especialmente em regiões historicamente menos contempladas com a presença do Estado.
A descentralização da governança também cumpre um papel importante na construção de consenso sobre sua sucessão. Brandão tem até abril de 2026 para decidir se deixa o cargo para disputar uma vaga no Senado. Até lá, seu desafio será construir uma unidade em torno de um nome que represente continuidade e estabilidade dentro do seu grupo político. A presença constante no interior do estado, como agora em Imperatriz, permite ao governador medir forças, estreitar alianças e aferir o grau de fidelidade de lideranças regionais.
A cidade de Imperatriz, por sua vez, se consolida como capital simbólica do Maranhão do sul. Ao sediar temporariamente o governo estadual, a cidade se projeta ainda mais como polo de articulação política, administrativa e econômica.
Para o presidente da AGEMSUL, Vagtonio Brandão, essa iniciativa sinaliza compromisso com temas urgentes como infraestrutura, saúde, educação e desenvolvimento regional. “É um gesto político-administrativo de quem compreende que governar o Maranhão exige não apenas presença institucional, mas sensibilidade territorial e escuta ativa às bases”, afirmou.
Enquanto evita anunciar qualquer nome, Brandão segue reforçando sua presença no interior e consolidando sua principal bandeira: a valorização do diálogo com os municípios. Essa postura pode ser decisiva nos embates que virão. Afinal, em um estado com 217 municípios, manter uma base sólida de prefeitos alinhados pode ser o maior trunfo para quem pretende seguir influente, dentro ou fora do Palácio dos Leões.
Fonte: O Imparcial