Última atualização em 24/12/2024 | 04:14 por Battista Soarez
SOMENTE DEPOIS DA TRAGÉDIA NA PONTE entre Maranhão e Tocantins, ocorrida neste domingo (22/12), o governo federal, por meio do Ministério dos Transportes (MT), anunciou que vai reconstruir a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que há tempos vinha dando sinais de desabamento. Várias denúncias, inclusive, foram feitas por moradores do entorno, motoristas, deputados, vereadores e outros. Mesmo assim, as autoridades competentes fecharam os olhos e deixaram o pior acontecer.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, esteve na cidade de Estreito na manhã desta segunda-feira (23) para vistoriar o local da tragédia. Ele viu que o desabamento resultou em uma morte confirmada, até o momento, e deixou 16 pessoas desaparecidas, de acordo com informações da Defesa Civil.
Durante uma coletiva de imprensa, o ministro Renan decretou estado de emergência em razão do desabamento da plataforma que liga os municípios de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins. O ministro informou que irá destinar mais de R$ 100 milhões para garantir a reconstrução imediata da ponte. Valor esse que deve ser rigorosamente fiscalizado haja vista que muitas empresas superfaturam os orçamentos para, se aproveitando da situação, desviarem parte dos recursos disponibilizados em situações como essa. Isso é de praxe acontecer no Brasil em obras feitas com recursos públicos.
Segundo o ministro, uma nova estrutura será entregue em 2025, juntamente com todas as obras necessárias para sua operação. Além do contrato que será feito neste ano, disse o ministro, “esperamos nos primeiros dias de 2025 dar ordem de serviço para todas as obras de engenharia que serão feitas aqui, com o compromisso de entregar esta ponte em 2025”. Ele disse, ainda, que vai trabalhar dedicadamente para fazer da nova ponte um case de resolutividade. A tragédia teria sido evitada se as autoridades responsáveis, inclusive o ministro, tivessem tido esse olhar de preocupação preventivamente, diante de tudo o que foi denunciado antes de o problema acontecer.
Renan disse, também, que foi decretado o estado de emergência para que sejam abreviados todos os procedimentos administrativos, com a finalidade de se ter a resposta mais rápida possível para a reconstrução da ponte JK. “Quero comunicar ao povo do Maranhão, ao povo de Tocantins e ao povo brasileiro que precisa dessa infraestrutura para se deslocar, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista social, que vamos, com a emergência decretada, contratar a reconstrução da ponte ainda no exercício de 2024”, explicou Renan Filho.
O ministro informou, ainda, que foi aberta uma sindicância para avaliar as causas e as responsabilidades do desabamento da ponte. Conforme ele afirmou, há estrutura técnica e recursos disponíveis no Ministério dos Transportes para a reconstrução da plataforma.
Ao lado do governador do Maranhão, Carlos Brandão, e do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, o ministro sobrevoou de helicóptero a área que desabou antes de conceder entrevista à coletiva de imprensa.
Estavam presentes, além de políticos, os engenheiros do Departamento Nacional de Trânsito e Transportes (DNIT), órgão responsável pela manutenção das rodovias federais e, portanto, da ponte que desabou.
Com relação à procura por desaparecidos, os bombeiros avaliaram, na manhã desta segunda-feira, a melhor forma de retomar as buscas pelos desaparecidos, interrompidas devido ao derramamento de ácido sulfúrico de dois dos caminhões que caíram no desabamento. De acordo com o coronel Magnum Coelho, amostras de água foram coletadas para análises químicas, com o objetivo de verificar se os materiais tóxicos continuam presentes no rio ou já tinham se dissipados. No início da noite desta segunda-feira, foi confirmado que tem, sim, presença de materiais tóxicos nas águas do rio, no local onde sucedeu o trágico ocorrido.
Para o coronel, tinha que se saber a qualidade da água para poder colocar as equipes de mergulhadores em operação. “Nós temos mergulhadores, temos equipamentos, embarcações e todo o efetivo está pronto para realizar as buscas e identificar qual vai ser a localização dos veículos e das vítimas que se encontram dentro dos veículos”, ponderou o coronel.
Foi confirmada uma morte. Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, estava passando de moto na ponte segundos antes do desabamento, conforme mostra um vídeo divulgado nas redes sociais. Autoridades locais informaram que quatro caminhões, dois automóveis e duas motocicletas estavam sobre a ponte no momento da queda, exatamente na parte que desabou. A ponte JK foi construída na década de 1960. Ela tem 533 metros de extensão e liga as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, na BR 226. A ponte integra o corredor rodoviário Belém-Brasília e passa sobre o rio Tocantins. As péssimas condições da ponte vinham chamando a atenção de quem passava por ali e, obviamente, anunciava uma iminente tragédia. Os governantes (federais e estaduais), tanto do Maranhão quanto do Tocantins não deram importância. Esperaram o pior acontecer.
O Leitura Livre encerra esta matéria com uma pergunta: quem vai responder pelas vítimas e pelos prejuízos (inclusive ambientais) causados com o triste desabamento, que se pode chamá-lo até de criminoso ante o descaso das autoridades que sabiam do problema e nada fizeram?